sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Grandes Escritores e suas Grandes Obras (Parte 1) - Isaac Asimov & a Trilogia da Fundação


Hoje começo a série Grandes Escritores e suas Grandes Obras, falando sobre alguns escritores e o livro que foi considerado sua obra prima. O primeiro escolhido é Isaac Asimov, e no seu caso falarei não somente sobre um livro mas sua premiada série Fundação.

 Escrita entre 1942 e 1953, a série Fundação é considerada a obra máxima do escritor Isaac Asimov. Vencedor do prêmio Hugo, como A Melhor Série de Ficção Científica de todos os tempos, este é o livro inicial da Trilogia da Fundação.

Ela narra em três volumes principais a epopeia da humanidade sob um império que colonizou toda a Via Láctea. É neste futuro distante, no qual a humanidade se esqueceu de sua própria origem, que Hari Seldon cria a psico-história – uma ciência que mistura sociologia e matemática para prever o futuro de grandes populações. Depois de fazer os cálculos, ele antevê com precisão o fim inevitável do Império Galáctico seguido por trinta mil anos de barbárie. O brilhante cientista usa a mesma técnica para reduzir este período de crise a um milênio e conduzir a raça humana a um segundo império através de um plano e duas Fundações, uma em cada extremo da galáxia.

Você deve estar se perguntando o que há de tão especial numa obra assim, já que tantos outros autores escreveram histórias com temáticas semelhantes ambientadas no espaço.

Para começar, esta não é uma narrativa superficial e baseia-se, principalmente, no Declínio e Queda do Império Romano – um clássico do historiador inglês Edward Gibbon. Mas não fica apenas nisso e faz referências a outras doutrinas políticas e expansionistas no mínimo polêmicas. A expansão “divina” da Fundação, por exemplo, remete ao Destino Manifesto. Já a concepção de uma raça superior de humanos para governar a galáxia é semelhante aos ideais do Nazismo.

Além destas referências, ela faz paralelos entre as aventuras dos personagens e algumas passagens históricas importantes. Mas isso não faz a leitura ser maçante. Muito pelo contrário: as referências são sutis e a obra é envolvente do início ao fim, com uma boa dose de ação e aventura.

Nesse livro pouco temos de ciência realmente tangível, tudo é muito teórico e fantástico, servindo apenas como uma forma de palco para uma trama inteligente, recheada de soluções pacificas para resolução de conflitos bélicos eminentes.

Hari Seldon era um grande cientista em seu tempo. Através da matemática, associada à psico-história, ele previu o declínio do Império Galático e a perda de todo conhecimento humano, além de milhares de anos de barbárie. Com o objetivo de criar uma Enciclopédia que guardasse a história da humanidade, Hari Seldom convoca cem mil cientistas para se mudarem para o planeta Terminus e fundarem uma sociedade voltada ao conhecimento – no entanto, o real objetivo de Seldom era controlar as crises de modo a reduzir os anos de barbárie à desolar a galáxia.

A saga da Fundação é contada por Isaac Asimov em três livros: “Fundação”, “Fundação e Império” e “Segunda Fundação". Em 1966, na 24ª Convenção Mundial de Ficção Cientifica, em Cleveland, a serie foi premiada como a melhor serie de ficção cientifica de todos os tempos.

Para piorar, Hari Seldon não é qualquer um, é simplesmente o mais renomado psicólogo da Galáxia, justamente numa época em que os psicólogos se destacam justamente pela capacidade de prever o futuro. Com conhecimentos em psicologia, matemática e estatística, Hari Seldon é capaz de prever como será o comportamento coletivo da humanidade nos séculos que se seguirão (algo parecido com o que os economistas tentam fazer hoje).


Os argumentos de Hari Seldon são tão terrivelmente convincentes e seu nome é tão importante que o Império, para se ver livre da influência que Seldon poderia ter sobre a população, aceita entregar a ele verbas para que ocupe um pequeno planeta nos confins do Galáxia, Términus, onde, segundo Seldon, uma enciclópedia contendo todo o conhecimento do Universo seria escrita, preservando a sabedoria da civilização e proporcionando que o período de barbárie fosse reduzido a apenas mil anos.

O Império nem imagina que os planos de Seldon são outros. O planeta Términus na verdade seria o lugar onde floresceria uma nova comunidade, cuja missão seria substituir o próprio Império após a derrocada deste. Esta nova entidade seria chamada de Fundação.


"Estamos num futuro muito, muito distante. Tão distante que a humanidade agora ocupa toda a Galáxia e nem se lembra mais qual era o seu planeta de origem. Parece absurdo, mas do dia de hoje até a data em que é contada a saga tanta coisa aconteceu na galáxia, tantos regimes e sistemas surgiram e caíram, tantas vezes se procurou destruir a memória de governos passados, que até os registros do planeta onde a humanidade teria se erguido foram perdidos."



Diferente do que estamos acostumados, em Fundação o protagonista não é um personagem, mas uma civilização, um povo que começa quase indefeso, num planeta hostil e infértil, mas que, com a habilidade de seus governantes e guiados pelos planos de Henri Seldon, busca a prosperidade e cumprir a missão prometida.


O primeiro livro “Fundação”, é fantástico, mas é considerado por muito dos leitores da série como o mais fraco deles. Nesta primeira parte, Asimov narra diversos acontecimentos desde a criação da colônia até o momentos em que ela expande seus domínios por outros sistemas solares através de conflitos com outros planetas.

É interessante observar que a maioria dos conflitos do primeiro livro não são resolvidos através de guerras, mas de duelos intelectuais, em que os lideres de dois lados em contenda se reúnem e cada um apresenta a seu adversário qual será a sua estratégia de guerra. Após cada lance deste jogo, cada ameaça ou blefe, um líder olha para o outro e diz: “E aí, o que você vai fazer agora?”. Esses duelos, verdadeiros jogos de poker decidindo o futuro da galáxia, são os melhores momentos de Fundação. Mas é claro, há momentos em que nenhum dos lados consegue se impor em relação a outro através da conversa e as coisas terminam sendo decididas na base da pancadaria mesmo.


A coisa segue assim até o meio do segundo livro e as constantes quebras de ritmo entre um conflito e outro podem cansar um pouco os leitores. Mas é justamento quando pensamos que o ritmo da história vai desabar que fundação deixa de ser um livro excelente para se tornar uma obra-prima. É o momento que surge o “Mulo”, um inimigo tão poderoso quanto humano. Capaz de fazer toda a Galáxia literalmente cair sobre sua vontade, o Mulo também é o personagem mais trágico do livro. Temos certeza de como a tragédia se abate sobre ele no momento em que ele afirma que preferiu não entrar na mente de uma personagem simplesmente por que percebeu que ela tinha sido a primeira pessoa a gostar dele de verdade. Esse contraste entre poder e fragilidade torna o Mulo disparado o melhor personagem de Fundação.

É a partir do segundo livro também que Fundação, até aquele momento bastante linear, começa a apresentar surpresas dignas das melhores reviravoltas do cinema, como visto em filmes como “O Sexto Sentido” ou “Um Sonho de Liberdade”. Só lendo para entender. Há uma cena, no princípio do terceiro livro, Segunda Fundação, em que um dos personagens desafia o Mulo mesmo sabendo da diferença de poderes entre eles. Este momento é com certeza o mais tenso e de maior suspense que você verá num livro.

Para quem gosta de ficção científica a leitura de Fundação é uma obrigação e também um privilégio.


ISAAC ASIMOV



Isaac Asimov (Isaak Yudovich Ozimov, em russo: Исаак Юдович Озимов; Petrovichi, c. 2 de janeiro de 1920 — Nova Iorque, 6 de abril de 1992), foi um escritor e bioquímico estadunidense, nascido na Rússia, autor de obras de ficção científica e divulgação científica.
A obra mais famosa de Asimov é a série da Fundação, também conhecida como Trilogia da Fundação, que faz parte da série do Império Galáctico e que logo combinou com sua outra grande série dos Robots. Também escreveu obras de mistério e fantasia, assim como uma grande quantidade de não-ficção. No total, escreveu ou editou mais de 500 volumes, aproximadamente 90 000 cartas ou postais, e tem obras em cada categoria importante do sistema de classificação bibliográfica de Dewey, exceto em filosofia.
Asimov foi reconhecido como mestre do gênero da ficção científica e, junto com Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke, foi considerado em vida como um dos "Três Grandes" escritores da ficção científica.

Asimov foi membro e vice-presidente por muito tempo da Mensa, ainda que com falta: ele os descrevia como "intelectualmente combalidos". Exercia, com mais freqüência e assiduidade, a presidência da American Humanist Association (Associação Humanista Americana).
Em 1981, um asteróide recebeu seu nome em sua homenagem, o 5020 Asimov. O robô humanóide "ASIMO" da Honda, também pode ser considerada uma homenagem indireta a Asimov, pois o nome do robô significa, em inglês, Advanced Step in Innovative Mobility, além de também significar, em japonês, "também com pernas" (ashi mo), em um trocadilho linguístico em relação à propriedade inovadora de movimentação deste robô.

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